Uma hora e sete minutos. Este foi o tempo de duração do primeiro show da cantora Amy Winehouse no Rio de Janeiro. Comparada às apresentações de Paul McCartney, Dave Mathews Band e Bon Jovi, que em suas recentes escalas pelo Brasil tocaram por cerca de três horas cada, a performance da popstar britânica na noite desta segunda-feira (10), na HSBC Arena, pareceu curta. E isso desagradou parte do público. Por outro lado, apesar dos problemas com drogas e bebidas alcoólicas, mostrou que genuinamente tem talento e ainda mantém o gogó em dia
A cantora subiu ao palco depois de 35 minutos de atraso (o show estava marcado para as 22h) num vestido justo, de decote generoso, e estampas imitando a pele de um tigre — lembrava Jane, mulher do Tarzan. O clima tropical também parece ter contagiado os músicos de sua banda, que usavam calças compridas de cor branca e camisas que, de longe, pareciam floridas.
Logo de início, disparou os sucessos “Just friends”, “Back to black” e “Tears dry on their own” em sequência, suficiente para ganhar a atenção da arena, que só encheu momentos antes do início da apresentação. No começo da quarta canção, uma versão para “Boulevard of broken dreams”, de Tony Bennett, teve um acesso de riso que a impediu de cantar os primeiros versos. Pela reação do público, foi perdoada.
Voz em dia
Quando foi exigida na voz, Amy saiu-se bem. Winehouse canta muito. Seu timbre e estilo remetem a antigas estrelas da Motown, gravadora que ajudou a moldar a black music moderna, influenciando grande parte da música pop. Esteve prejudicada pelo baixo volume de seu microfone em algumas canções da primeira metade do show, mas, indiscutivelmente, manja do assunto.
Assim como a norte-americana Janelle Monáe, atração de abertura. Por cerca de 45 minutos, a cantora abusou dos recursos cênicos, como máscaras e capas, para mostrar sua mistura de estilos e ritmos que parece ter sido aprovada pelos fãs de Amy. Com uma garganta potente, domínio do palco e bons músicos, foi além de um simples aperitivo para a atração principal.
É justamente no quesito presença em que Amy vacila. Quando não está olhando para baixo, procurando as letras das próprias canções, mira o horizonte ou fita os cantos do palco até abandoná-lo por alguns instantes. Raramente encara a plateia. Muito tímida, também não dança. Arrisca apenas um rebolado e gestos desengonçados em algumas canções. Mas sorri sempre.
Parece se divertir tanto quanto quem a está assistindo. E, por incontáveis vezes, entre goles de uma misteriosa bebida servida em uma xícara colocada próximo ao pedestal de seu microfone, abandona o palco sem corre para cochichar misteriosamente com o baixista Dale Davis.
Parece se divertir tanto quanto quem a está assistindo. E, por incontáveis vezes, entre goles de uma misteriosa bebida servida em uma xícara colocada próximo ao pedestal de seu microfone, abandona o palco sem corre para cochichar misteriosamente com o baixista Dale Davis.
Além dele, a afiada banda que a acompanha é formada por Hawi Gondwe (guitarra), Troy Miller (bateria), Sam Beste (teclados), Henry Collins (trompete), Frank Walden (sax barítono), Jim Hunt (saxofone), Heshima Thompson e Zalon Thompson (backing vocals). A este último são concedidos literalmente 15 minutos de fama quando tem a oportunidade de cantar solo as músicas “Everybody here wants you” e “What’s a man going to do”.
Mas só depois da apresentação de seus músicos é que a coisa ficou realmente animada. Foi a vez de “Rehab”, hit radiofônico do álbum “Back to black” que a transformou em uma artista mundialmente conhecida. Talvez se lembrando disso, como que para comemorar, abriu uma garrafa de cerveja para beber durante “I am no good”, a canção seguinte. E em “Valerie”, a canção mais festejada, recebeu a valiosa ajuda do público nos versos e nas palmas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário